26 novembro 2007

PP, Cântico Segundo

Noite, Cântico II

Para quê continuar a escrever?
Para quê ter de mais sofrer?
A vida é mera ilusão
Eterna dúvida e confusão.

Outrora foi diferente
Erguido no meu eco interior,
Senti a dor do largo exterior.
Fui animal de sangue quente

Noutros tempos, tempos sóbrios
Sem o meu querido bagaço
Nunca caído feito pobre cachaço
Mas que dias tão óbvios!

E hoje, como me tornei um pobre
Doidivanas publico e privado
Merecedor de uma medalha de cobre
Que miséria de sonho alcançado!

Perdi-me pela beleza
Que facilmente se tornou tristeza
E hoje sou quem sou
Foi nunca serei diferente, isso é certeza

Antes fui banal, não sabia escrever
Apenas bem sucedido queria ser
Um tipo cheio de sorte
Inconsciente sem nunca crescer

E esse prazer sempre escondido
O estado de vida apaixonado
Foi me um dia relevado
E eu facilmente fui levado!

Passei tanto tempo dedicado a ela
Se hoje soubesse que não era aquela
Talvez não tivesse jurado amor eterno
E a minha vida não fosse um inferno!

E hoje tornei-me um bêbado
Comedor desse sabor
Desse calor e clamor,
Que o sexo diário traz
A quem muito e muito o faz…

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